sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Em busca dos povos originários da América

Antigas populações se espalham pelo continente americano por volta de 12 mil anos. Os novos dados para entender o processo de povoamento da América incluem 64 amostras de DNA de indivíduos do Alaska até a Patagônia. Até este estudo apenas 6 genomas de indivíduos com mais de 6 mil anos haviam sido sequenciados.
Eske Willerslev, um genetecista evolucionista da Universidade de Copenhague, juntou genomas de fósseis de toda a América e reuniu um conjunto de dados que cobre de 10.700 anos até 500 anos. Este estudo se junta ao da equipe do geneticista de população David Reich da Havard Medical School.  Sua equipe analisou 49 exemplares de fósseis da América Central e do Sul alcançando um espaço de tempo de 10.900 até 500 anos.
O estudo conclui que os ancestrais dos povos americanos são exclusivamente do continente.  Os povos relacionados à cultura Clóvis se espalham pela América do Norte e do Sul por volta de 13 mil anos. Os estudos anteriores sugeriam que os primeiros habitantes americanos vieram da Sibéria e do leste da Ásia através de Behring. Apesar do estudo continua misterioso o traço australasiático encontrado em alguns ancestrais da América do Sul, principalmente, verificados hoje em tribos da Amazônia.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Botocudos e puris


OS INDÍGENAS DA REGIÃO DO RIO DOCE: IDENTIFIDADE E CULTURA

THE INDIGENOUS PEOPLE OF THE REGION OF RIO DOCE: IDENTITY AND CULTURE

José Aristides da Silva Gamito[1]

Puris no Vale de  São Manoel em 1911.

Introdução

Este breve artigo tem como principal referência o texto de Álvaro Silveira “Memórias Chorográphicas” publicada em 1921. O presente artigo surge como uma provocação às escolas de educação básica de Minas Gerais. O Dia do Índio, às vezes, é comemorado com reforço de estereótipos, com superficialidades, como se índios fossem apenas um “bicho exótico”. Ao levantarmos um pouco da identidade e dos costumes de dois povos indígenas da região do rio Doce, estamos abrindo caminhos para que os educadores conheçam mais estes povos e apliquem isso em sua prática pedagógica.
Neste texto, apresentamos algumas informações sobre a identidade e a cultura dos índios botocudos e puris e o buscamos a localização deles. Há que se observar que viviam outros puris em Minas Gerais além da região identificada por Álvaro Silveira.

1.    Os botocudos

Segundo Álvaro Silveira, no início do século XX a margem direita do rio Doce era habitada pelos índios botocudos. [2] Os indígenas chamados de botocudos eram formados por duas etnias falantes de língua macro-gê: Nakrehé e Gutkrak. Esses dois grupos se reuniram e formação os chamados borun/krenak. Eles são os últimos botocudos do leste de Minas Gerais.[3]
Na mata virgem, eles ainda preservavam seus costumes como andar nus e construir os kijeme, seus ranchos cobertos de folhas de palmeiras. Os mortos eram cremados sem nenhuma cerimônia fúnebre.[4]
As mulheres casadas utilizam o botoque no lábio inferior como sinal de compromisso. As casadas que deixassem se usá-los eram discriminadas. Tanto homens quanto mulheres utilizavam um brinco de madeira como adereço.
O casamento entre os botocudos não tinha cerimônia especial. O pretendente que já pudesse caçar e sustentar a mulher ia até o pai da moça e pedi o consentimento. De modo geral, os casamentos eram monogâmicos. Existia também a poligamia, mas a responsabilidade imposta ao marido era grande.
A dieta dos botocudos era à base de carne e de frutas. Comiam quase toda espécie de animal, inclusive cobras. Eles preparavam a carne assada. Tradicionalmente, caçavam com arco e flecha. A fruta mais apreciada por eles, segundo Álvaro Silveira, é a sapucaia (“aju”). O milho (“uati”) era alimento apreciado.[5]
Os números para os botocudos se limitavam às duas mãos. Isso significava que contavam até dez, além disso, era multidão. Os botocudos viviam em guerras contra os povos da margem esquerda do Rio Doce.[6]

2.    Os puris

            Ao sul do rio Doce habitavam os índios puris. Segundo Álvaro Silveira, eles habitavam as margens do rio São Manoel próximo da divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. Naquela região havia no início do século XX uma aldeia com 40 indivíduos. Estavam lá desde o ano 1873.[7]
            A região onde viviam estes puris é o município de Mutum e região, conforme aponta Álvaro Silveiro, porque ele afirma que eles habitavam a parte litigiosa entre Minas Geras e Espírito Santo. 547-548.

Referências

SILVEIRA, Álvaro A. da. Memórias Chorográphicas. Volume I. Belo Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1921, p. 521-522.

PORTES, Edileila Maria Leite. Arte, Arte indígena, Arte Borum/Krenak: os imbricados caminhos para a compreensão da arte. Ars, ano 13, n. 25, 2001, p. 89-103.



[1] Bacharel e licenciado em Filosofia, bacharel livre em Teologia, especialista em Docência do Ensino Básico, do Ensino Superior em Língua Latina e Filologia Românica e mestre em Ciências das Religiões.
[2] SILVEIRA, Álvaro A. da. Memórias Chorográphicas. Volume I. Belo Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1921, p. 521-522.
[3] PORTES, Edileila Maria Leite. Arte, Arte indígena, Arte Borum/Krenak: os imbricados caminhos para a compreensão da arte. Ars, ano 13, n. 25, 2001, p. 89-103.
[4] SILVEIRA, 1921, p. 521-522.
[5] SILVEIRA, 1921, p. 522-526.
[6] SILVEIRA, 1921, p. 546.
[7] SILVEIRA, 1921, p. 547.