ETNICIDADE
E RELIGIOSIDADE DOS POVOS INDÍGENAS
DE MINAS GERAIS: OS BOTOCUDOS[1]
José Aristides da Silva Gamito
Introdução
Os povos indígenas das mesorregiões do
Rio Doce e da Zona da Mata são os krenaks, pataxós, coroados, puris e koropós
que possuem línguas e religiosidade características que sofreram um processo
duro de esquecimento durante o processo de colonização. Atualmente em Minas Gerais, existem indígenas originários da
região e outros que migraram para o estado. Os pataxós que vivem no município
de Carmésia desde a década de 70 são originários do sul da Bahia[2].
Existem em Minas Gerais os Xacriabá,
Pankararu, Aranã, Maxacali, Kaxixó, Pataxó, Krenak, e Xucuru-Kariri. Segundo dados da FUNAI residem no Estado
7.500 pessoas indígenas.[3]
Identificação dos botocudos (krenaks)
Os botocudos se autodenominam borun.
Nos séculos XVI, esses indígenas viviam ao longo da costa de Ilhéus até Porto
Seguro. Ocupavam uma área de 60 léguas. No século XIX, Maxilimien de
Wied-Neuwied informa que eles viviam numa faixa de terra entre os rios Pardo e
Doce na Capitania de Minas Gerais.
Eles estavam divididos em três
grupos: Minhagiruns, habitantes da região de Colatina; os botocudos de
Natividade de Manhuaçu próximo as divisas entre Minas Gerais e Espírito Santo e
os botocudos da Lapa, subindo o rio Manhuaçu.
Esses grupos eram chamados Gut-krak.
Os coroados viviam entre a Serra da
Onça e São Geraldo acima dos rios Xopotó e Coroados. Eles alcançavam aos sul o
rio Paraíba e a leste o rio Pomba. Eles viviam próximos aos Koropós.
Religião
Segundo o capítulo 35 da obra de
Metraux intitulado “Mythology: The Civilizing Gods”, o deus dos botocudos era
chamado de Maret-Khmakniam. Era
retratado com muito alto, com grande mão e enorme genitália. Sua esposa era Maret-Jikky.[4]
Na obra de Curt Nimuendajú, através
da análise de mitos podemos estabelecer o universo religioso dos botocudos.
Eles acreditavam que no céu habitavam os espíritos chamados tokón. Estes eram invisíveis aos seres
humanos, porém, existia uma classe especial de pessoas que poderiam vê-los, os marét. Elas vivem também no céu num
estado de riqueza, sem sofrimento e fim. Os Marét
têm uma relação com os homens de bondade, mas se irritam às vezes. No começo,
eles davam tudo aos homens. Mas isso foi tirado.[5]
Ainda segundo os mitos coletados por
Nimuendajú, os botocudos acreditavam que alguns possuíam força mágica (yikégn). Cada pessoa adulta tem um
número de almas (nakandyún), apenas
uma habita o corpo, as demais ficam ao redor dele. A perda de nakandyún é causa das doenças. Já os
ossos dos cadáveres se transformam em fantasmas (nandyón). Debaixo da terra, vivem os nandyón no Kiyém parádn
numa condição de vida semelhança à vida terrena. Eles tentam retornar mais os marét não permitem.[6]
REFERÊNCIAS
IPATINGA,
Prefeitura Municipal de. https://ensfundamental1.wordpress.com/805-2/povos-indigenas-em-minas-gerais-e-vale-do-aco/
MINAS GERAIS.
Marco de Referência: Povos Indígenas em Minas Gerais. Belo Horizonte: SPLAG,
2008.
NIMUENDAJÚ, Curt.
Revista do Patrimônio Histórico e Artístico. Nº 21, 1986.
PLOETZ, Hermann e METRAUX, A. The Material
Civilization and Social and Religious
Life of the Ze Indians of Southern and Eastern Brazil.
[1] Comunicação apresentada no I
Seminário de História e Cultura Regionais, Secretaria Municipal de Educação,
Conceição de Ipanema, setembro/2016.
[2] IPATINGA, Prefeitura Municipal
de. https://ensfundamental1.wordpress.com/805-2/povos-indigenas-em-minas-gerais-e-vale-do-aco/
[3] MINAS GERAIS. Marco de
Referência: Povos Indígenas em Minas Gerais. Belo Horizonte: SPLAG, 2008, p.8
[4]
PLOETZ, Hermann e METRAUX, A. The Material Civilization and Social and Religious Life of the Ze
Indians of Southern and Eastern Brazil.
[5] NIMUENDAJÚ, Curt. Revista do
Patrimônio Histórico e Artístico. Nº 21, 1986, p. 91.
[6] NIMUENDAJÚ, 1986, p. 93.
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