OS
INDÍGENAS DA REGIÃO DO RIO DOCE: IDENTIFIDADE E CULTURA
THE
INDIGENOUS PEOPLE OF THE REGION OF RIO DOCE: IDENTITY AND CULTURE
José
Aristides da Silva Gamito[1]
Puris no Vale de São Manoel em 1911. |
Introdução
Este
breve artigo tem como principal referência o texto de Álvaro Silveira “Memórias
Chorográphicas” publicada em 1921. O presente artigo surge como uma provocação
às escolas de educação básica de Minas Gerais. O Dia do Índio, às vezes, é
comemorado com reforço de estereótipos, com superficialidades, como se índios
fossem apenas um “bicho exótico”. Ao levantarmos um pouco da identidade e dos
costumes de dois povos indígenas da região do rio Doce, estamos abrindo
caminhos para que os educadores conheçam mais estes povos e apliquem isso em
sua prática pedagógica.
Neste
texto, apresentamos algumas informações sobre a identidade e a cultura dos
índios botocudos e puris e o buscamos a localização deles. Há que se observar
que viviam outros puris em Minas Gerais além da região identificada por Álvaro
Silveira.
1.
Os
botocudos
Segundo
Álvaro Silveira, no início do século XX a margem direita do rio Doce era
habitada pelos índios botocudos. [2] Os
indígenas chamados de botocudos eram formados por duas etnias falantes de
língua macro-gê: Nakrehé e Gutkrak. Esses dois grupos se reuniram e
formação os chamados borun/krenak.
Eles são os últimos botocudos do leste de Minas Gerais.[3]
Na
mata virgem, eles ainda preservavam seus costumes como andar nus e construir os
kijeme, seus ranchos cobertos de
folhas de palmeiras. Os mortos eram cremados sem nenhuma cerimônia fúnebre.[4]
As
mulheres casadas utilizam o botoque no lábio inferior como sinal de compromisso.
As casadas que deixassem se usá-los eram discriminadas. Tanto homens quanto
mulheres utilizavam um brinco de madeira como adereço.
O
casamento entre os botocudos não tinha cerimônia especial. O pretendente que já
pudesse caçar e sustentar a mulher ia até o pai da moça e pedi o consentimento.
De modo geral, os casamentos eram monogâmicos. Existia também a poligamia, mas
a responsabilidade imposta ao marido era grande.
A
dieta dos botocudos era à base de carne e de frutas. Comiam quase toda espécie
de animal, inclusive cobras. Eles preparavam a carne assada. Tradicionalmente,
caçavam com arco e flecha. A fruta mais apreciada por eles, segundo Álvaro
Silveira, é a sapucaia (“aju”). O milho (“uati”) era alimento apreciado.[5]
Os
números para os botocudos se limitavam às duas mãos. Isso significava que
contavam até dez, além disso, era multidão. Os botocudos viviam em guerras
contra os povos da margem esquerda do Rio Doce.[6]
2.
Os
puris
Ao sul do rio Doce habitavam os
índios puris. Segundo Álvaro Silveira, eles habitavam as margens do rio São
Manoel próximo da divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. Naquela região
havia no início do século XX uma aldeia com 40 indivíduos. Estavam lá desde o
ano 1873.[7]
A região onde viviam estes puris é o
município de Mutum e região, conforme aponta Álvaro Silveiro, porque ele afirma
que eles habitavam a parte litigiosa entre Minas Geras e Espírito Santo. 547-548.
Referências
SILVEIRA, Álvaro
A. da. Memórias Chorográphicas.
Volume I. Belo Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1921, p.
521-522.
PORTES, Edileila
Maria Leite. Arte, Arte indígena, Arte Borum/Krenak: os imbricados caminhos
para a compreensão da arte. Ars, ano
13, n. 25, 2001, p. 89-103.
[1]
Bacharel e licenciado em
Filosofia, bacharel livre em Teologia, especialista em Docência do Ensino
Básico, do Ensino Superior em Língua Latina e Filologia Românica e mestre em
Ciências das Religiões.
[2]
SILVEIRA, Álvaro A. da. Memórias Chorográphicas. Volume I. Belo
Horizonte: Imprensa Official do Estado de Minas Gerais, 1921, p. 521-522.
[3] PORTES, Edileila Maria Leite. Arte,
Arte indígena, Arte Borum/Krenak: os imbricados caminhos para a compreensão da
arte. Ars, ano 13, n. 25, 2001, p.
89-103.
[4] SILVEIRA, 1921, p. 521-522.
[5]
SILVEIRA, 1921, p. 522-526.
[6]
SILVEIRA, 1921, p. 546.
[7]
SILVEIRA, 1921, p. 547.